domingo, 1 de março de 2009

Vidas Secas

Resumo do livro Vidas Secas (Graciliano Ramos)

A obra se classifica entre o conto e o romance e fala do drama do retirante diante da seca implacável e da extrema pobreza que leva a um relacionamento seco e doloroso entre as personagens, quase um monólogo. Os participantes da história são: Fabiano o chefe da família, homem rude e quase incapaz de expressar seu pensamento com palavras; Sinhá Vitória, sua mulher com um nível intelectual um pouco superior ao do marido que a admira por isto; O menino mais novo, quer realizar algo notável para ser igual ao pai e despertar a admiração do irmão e da Baleia, a cadela; O menino mais velho, sente curiosidade pela palavra “inferno” e procura se esclarecer com a mãe, já que o pai é incapaz; A cadela, Baleia, e o papagaio completam o grupo de retirantes, na história; Representando a sociedade local, na história, estão o soldado amarelo, corrupto e arbitrário, impõe-se ao indefeso Fabiano que o respeita por ser representante do governo; Tomás da Bolandeira, dono da fazenda, onde a família se abrigou durante uma tempestade, e homem poderoso da região que impõe sua vontade. O livro tem l3 capítulos, até certo ponto autônomos, ligando-se por alguns temas. I - Mudança Este capítulo é o inicio da retirada, com as personagens citadas acima. Supõe uma narrativa anterior: “Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos.” Tocados pela seca chegam a uma fazenda abandonada e fazem uma fogueira. A cachorra traz um preá: “Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinhá Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensangüentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo,” Fala da terra seca e do sofrimento. A comunicação é rara e ocorre quando o pai ralha com o filho e esse procedimento é uma constante no livro. Há uma intenção do autor de não dar nome aos meninos, para evidenciar a vida sem sentido e sem sonhos do retirante. “Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira duma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto.” II - Fabiano “Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara - se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.” Contente dizia a si mesmo: “Você é um bicho, Fabiano.” Mostra o homem embrutecido, mas capaz de auto-análise. Tem consciência de suas limitações e admira quem sabe se expressar. “Admirava as palavras compridas da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.” III - Cadeia Na feira da cidade o soldado convida Fabiano para jogar baralho e depois desentende-se com ele e o prende arbitrariamente. A figura do soldado amarelo simboliza o governo e, com isto, o autor quer passar a idéia de que não é só a seca que faz do retirante um bicho, mas também as arbitrariedades cometidas pela autoridade. Ao fim do capítulo ele toma consciência de que está irremediavelmente vencido e sem ilusões com relação á sorte de seus filhos. “Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.” IV - Sinhá Vitória Enquanto o marido aspira um dia saber expressar-se convenientemente, a mulher deseja apenas possuir uma cama de couro igual a do seu Tomás da bolandeira, fazendeiro poderoso que é uma referência. Ela recorda a viagem, a morte do papagaio, o medo da seca. A presença do marido lhe dá segurança. V - O Menino Mais Novo Quer ser igual ao pai que domou uma égua e tenta montar no bode caindo e sendo motivo de chacota de irmão e da Baleia. O sonho do menino é uma forma de resistência ao embrutecimento, tal como a mãe que sonha com a cama de lastro de couro. VI - O Menino Mais Velho As aspirações da família são cada vez mais modestas. Tudo que o menino mais velho desejava era uma amizade e a da Baleia já servia bem: “O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se para não magoa-lo, sofria a carícia excessiva.” VII - Inverno É a descrição de uma noite chuvosa e os temores e devaneios que a chuva desperta na família. Eles sabiam que a chuva que inundava tudo passaria e a seca tomaria conta de suas vidas novamente. VIII - A Festa É um dos capítulos mais tristes. É natal e a família vai à festa na cidade. Fabiano compara-se com as pessoas e se sente inferior. Depois da missa quer ir às barracas de jogo mas a mulher é contra porque ele bebe e fica valente. Acaba pegando no sono na calçada e em seus sonhos os soldados amarelos praticam arbitrariedades. A família toda sente a distância que os separa dos demais seres. Sinhá Vitória refugia-se no devaneio, imaginando-se com a cama de lastro de couro. IX - Baleia É um capítulo trágico. O autor faz uma humanização da cadela Baleia. Ela parece doente e será sacrificada. Desconfiada, tenta esconder-se. Não entende porque estão querendo fazer isso com ela. Já ferida ela espera a morte e sonha com uma vida melhor. Na história, a Baleia e sinhá Vitória são as personagens que conseguem expressar melhor os seus anseios. X - Contas Fabiano tem de vender ao patrão bezerros e cabritos que ganhou trabalhando e reclama que as contas não batem com as de sua mulher. Revolta-se e depois aceita o fato com resignação. Lembra que já fora vítima antes de um fiscal da prefeitura. O pai e o avô viveram assim. Estava no sangue e não pretendia mais nada. XI - O Soldado Amarelo É uma descrição dessa personagem. Ele aparece como é socialmente e não como é profissionalmente. A sua força vem da instituição que representa. Mais fraco fisicamente, arbitrário e corrupto, acovarda-se ao encontrar-se à mercê de Fabiano na caatinga. Fabiano vacila na sua intenção de vingança e orienta o soldado perdido. A figura da autoridade constituída é muito forte no inconsciente de Fabiano. XII - O Mundo Coberto de Penas O sertão iria pegar fogo. A seca estava voltando, anunciada pelas aves de arribação. A mulher adverte que as aves bebem a água dos outros animais. Fabiano admira-se da inteligência da mulher e procura matar algumas que servirão de alimento. Faz um apanhado da suas desgraças. O sentimento de culpa por matar a Baleia não o deixa. “Chegou-se á sua casa, com medo, ia escurecendo e àquela hora ele sentia sempre uns vagos tremores. Ultimamente vivia esmorecido, mofino, porque as desgraças eram muitas. Precisava consultar Sinhá Vitória, combinar a viagem, livrar-se das arribações, explicar-se, convencer-se de que não praticara uma injustiça matando a cachorra. Necessário abandonar aqueles lugares amaldiçoados. Sinhá Vitória pensaria como ele.” XIII - Fuga A esposa junta-se ao marido e sonham juntos. Sinhá Vitória é mais otimista e consegue passar um pouco de paz e esperança. O livro termina com uma mistura de sonho, frustração e descrença. Fabiano mata um bezerro, salga a carne e partem de madrugada. “E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos.”

Vidas Secas (versão 2)

Resumo do livro Vidas Secas (Graciliano Ramos)

É largamente conhecida a história da carta que Graciliano escreveu, em 1944, a João Condé, para uma coluna que o mesmo mantinha na revista O Cruzeiro, explicando a construção do livro Vidas Secas, da qual retiramos um trecho:

“… no começo de 1937 utilizei num conto a lembrança de um cachorro sacrificado na Maniçoba, interior de Pernambuco, há muitos anos. Transformei o velho Pedro Ferro, meu avô, no vaqueiro Fabiano; minha avó tomou a figura de Sinhá Vitória, meus tios pequenos, machos e fêmeas, reduziram-se a dois meninos…”

Lembranças.
Em Vidas Secas, Graciliano Ramos trata o mundo do sertão como impossibilidade. Por isso,e na obra podemos observar os temas:
a marginalização do sertanejo
a submissão
a incomunicabilidade com os opressores
a impotência do homem diante dos desígnios da natureza
a solidão dos seres
a miséria física e intelectual
a revolta interior do injustiçado
a zoomorfização
a incapacidade da compreensão do mundo
a consciência do existir

Graciliano Ramos valoriza o psiquismo das suas personagens, capta-lhes, sobretudo na figura de Fabiano, as dores e desejos, seus amores e ódios, suas torpezas e vícios humanos, dando-lhes contornos íntimos profundos e firmemente delineados. É, entre todos os da sua geração, o mais perfeito e genial e Vidas Secas não é apenas um pequeno romance desmontável, ou uma novela; Vidas Secas é antes um repositório de almas, um universo de criaturas miseráveis e corajosas, ímpares na sua constituição.
Cada coisa, ser ou fato é expressivo, complexo, e, quando desnudado, traz à tona todo o sofrimento e dor típicos de todos os seres humanos.

Resumo do texto:
A presente narrativa inicia-se com um capítulo chamado “Mudança”:

“Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça; Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra baleia iam atrás.”

Eis aí os componentes da nossa história: uma família de sertanejos nordestinos que migram à procura de um lugar para ficar, em plena seca.

Aparecem, de repente, os juazeiros, uma fazenda abandonada. E, assim que lá chegam, começa a chover. Fabiano instala-se com a família na casa, mas aparece o patrão, que quer expulsá-lo. Fabiano apresenta-se como vaqueiro, o patrão entrega-lhe os ferros de marcar gado ( símbolo também, esta passagem, de marcar-se a si mesmo como gado, de deixar marcar-se como um desses animais…)

Toda a história desenrola-se entre duas secas, a que os tange até ali e a que os levará em direção ao sul.
Seres animalizados, perdidos dentro de si mesmos, estão agora arranchados na fazenda, que prospera. Enquanto Sinhá Vitória faz contas ( era uma esperta mulher), Fabiano aceita as do patrão e é sempre furtado por ele. Fala pouco, quase nem fala, mais murmura e gestua do que fala.

Na cidade, um dia, quando vai à feira, é preso pelo soldado amarelo que, a fim de furtá-lo, joga com Fabiano o 31. Sinhá e Fabiano criam os meninos e neles já desponta a vontade de ser como o pai: vaqueiros. Há no romance uma personagem não acional: Seu Tomás da bolandeira, ex-patrão de Fabiano, homem bom e educado, que pedia “por favor”e agradecia. Sinhá Vitória sonha uma cama como a de seu Tomás; tal cama, na verdade, tão diferente da cama de vara onde dormiam, é o símbolo do homem não-nômade, o símbolo do que os brancos, com dinheiro, podiam comprar.

Todo o romance dedica-se a visitar Fabiano pelo lado de dentro, seus pensamentos, frustrações e medos nos são revelados. Para isso, o narrador também se vale das descrições:

“Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio.”

“Fabiano estava silencioso, olhando as imagens e as velas acesas, constrangido na roupa nova, o pescoço esticado, pisando em brasas. A multidão apertava-o mais que a roupa, embaraçava-o.”(115)

Pequenas alegrias cercam a família. Até que sobrevém nova seca. Esta, os alcança aos poucos, até que, rendidos, voltem a pensar em ir embora. Fabiano sabe que Sinhá Vitória tem razão: os meninos precisam aprender a ler, deve a família ir para o Sul, em busca de novas possibilidades.

É o capítulo “Fuga”que fecha a narrativa. Não sabemos para aonde vão, sabemos que irão embora, buscando o lugar no mundo áspero como a paisagem sem chuva.

Velhos olhos, novos olhos

Resumo do livro Velhos olhos, novos olhos (Clevane Pessoa)

Potiguar, da pequena cidade de São José do Mapibu, Clevane Pessoa de Araújo Lopes expõe toda a sua sensibilidade pulsante e lirismo psicológico nos quinze poemas que compõem o livro Velhos olhos, novos olhos.

Em As lavandeirinhas a autora faz um tributo às lavadeiras, com um belo lirismo, retratando a atividade dessas profissionais quase folclóricas, com muita graça. Apesar de citar as lavadeiras das margens do rio São Francisco e outras, o poema universaliza tais mulheres trabalhadoras. Clevane também trás para a roda, o próprio rio, ou lagoa, além da fauna que cerca o “tanque” natural.

Mas nem só de lirismo vive a poesia de Clevane. No poema Infância perdida, infância roubada, a autora trata com sobriedade e sem perder o tom poético, a triste situação de milhares de crianças que acabam sendo privadas de sua juventude.

A poesia mística, presente na obra Velhos olhos, novos olhos, faz o leitor passear pelo estilo pós-conversão dos poetas Murilo Mendes e Jorge de Lima. Tal elemento está representado no Poema de natal. Entretanto, as referências diretas a personagens religiosos se restringem ao componente anjo e lógico, ao menino (Jesus, certamente).

Em certos momentos da poesia de Clevane, o eu lírico mergulha em estados melancólicos e até pessimistas. No caso da poesia Rompimento, o motivo é um amor despedaçado. Não que as experiências citadas sejam inspiradas em passagens pessoais da autora, pelo contrário. Clevane deixa claro nessa poesia que o enredo declamado em seus versos é inspirado no episódio de outra pessoa.

Mais adiante, inclusive, a autora chega a ponto de esclarecer em uma nota, após o poema de sugestivo nome, À beira do precipício, que “a poesia não tem nada a ver comigo, é que gosto de interpretar a todas as mulheres, sempre que posso…”. E pelo que vemos em Velhos olhos, novos olhos, pode mesmo.

Viagem ao centro da Terra

Resumo do livro Viagem ao centro da Terra (Julio Verne)

Em Hamburgo, na Alemanha, um disciplinado cientista, o professor Lidenbrock, encontra no interior de um livro antigo, um indecifrável manuscrito. O volume histórico havia sido adquirido em um sebo. Seu sobrinho e aprendiz, Axel, é quem consegue desvendar a mensagem escrita no documento. Trata-se de uma revelação bombástica do cientista islandês Arne Saknussemm, dando conta de um suposto caminho que levaria ao centro da terra.

O marco zero da expedição era o vulcão extinto Sneffels, localizado na ilha natal de Saknussemm. Axel se mostra cético quanto à possibilidade, todavia, os argumentos de Lidenbrock, com sua enorme bagagem intelectual, conduzem ambos à jornada. Um nativo fiel, com o nome de Hans, serve de guia. A aventura se desenrola de forma contagiante, variando momentos de euforia com lapsos de preocupação e aflição por parte dos protagonistas. Dificuldades como a falta de água potável, são superados, e a viagem segue a uma enorme profundidade, desmentindo, na ficção de Verne, as leis estipuladas pela ciência até os dias de hoje, como a consolidada teoria do calor interno.

A saga é interrompida por um acidente de percurso, que milagrosamente, os levam de volta a face da terra, mais precisamente por meio do vulcão Etna, na Sicília. Por fim, o professor torna-se celebre e seu sobrinho também adquire prestigio, mas principalmente, volta aos braços de sua amada, a bela e dedicada Graubem. Trata-se de um dos maiores clássicos da literatura universal. O escritor francês e autor de outros sucessos como A volta ao mundo em 80 dias e Vinte mil léguas submarinas, dentre outros.

Viagem do Descobrimento

Resumo do livro Viagem do Descobrimento (Eduardo Bueno)

Livro histórico do jornalista Bueno, de 1998 lançado em função aniversário oficial do país, 500 anos em 2000. Os feitos de figuras como Vasco da Gama, Duarte, Cabral, João II ou Nicolau Coelho, pontuam a narrativa de Bueno, preocupada em recuperar detalhes sobre a empreitada de Pedr´Alvares que, por muito tempo, ficou conhecida como uma viagem de descoberta ocasional do Brasil.

Preocupado mais com o pitoresco da viagem lusa, o leitor fica sabendo desde o tamanho das naus, a tripulação, quanto em dinheiro receberam, até planos dos reis, o desgosto de gente como Diogo Cão e referências aos aspectos científicos da viagem,assim como a verdadeira história de Dom Henrique, enfim… um painel da aventura do descobrimento (achamento) do Brasil. Por outro lado, senti falta da ligação de Portugal com o contexto europeu, uma vez que o fim do feudalismo estava anunciado e uma nova ordem política, na Europa se expunha. Em que pé estariam, por exemplo, os espanhóis, nesse processo expansionista ? E holandeses ?

Desde a viagem de Vasco da Gama (1498) havia necessidade clara de circundar a região do cabo Bojador, trazendo as naus mais para oeste, a fim de escapar de calmarias, encontrando ventos melhores, rumo às Índias. Vasco da Gama teria sugerido o movimento mais amplo para a expedição encabeçada por Cabral, rumo a oeste, não só pela necessidade dos tais ventos, mas também para que se pudesse ter a certeza de que, por aquela rota alternativa, achariam terras. E deu certo.

É fato que duas outras figuras, ironicamente espanholas, costearam o litoral nordeste e norte, do Brasil, em 1500, entre janeiro e março : Pinzon e Lepe. Contudo, historiadores como Capistrano de Abreu querem dar importância maior ao feito de Cabral em função do contato com pessoas, dando caráter sociológico destacável mais ao feito do português que do espanhol. Puro ciúme. Pinzón e Lepe descobriram o país e é difícil para o brasileiro, em geral, aceitar a coisa. Talvez muitos nem saibam disso, o que me lembra a história birrenta que o brasileiro criou entre irmãos Wright e Dumont, desde o final do século 19 e começo do 20, sobre quem teria voado primeiro.

Não é possível, segundo o que se lê, separar Gama de Cabral, mesmo que Camões, em 1572, tenha se esquecido de mencionar Pedro em seu poema épico. Gama possui, no Mosteiro dos Jerônimos, um túmulo especial, elevado, próximo ao de Camões, em Belém. Merecido. A Cabral restou o quase esquecimento, assim como a própria terra dos papagaios ficou, por trinta anos,abandonada pela corte. Poderia ter ficado mais tempo, de repente mais índios nasceriam e seria difícil dizimar a todos em tão pouco tempo. Contudo, em 1534 vieram os jesuítas…a força da Companhia de Jesus era mesmo potente.

Vontade de Viver

Resumo do livro Vontade de Viver (Régine Deforges)

Na noite de 20 para 21 de setembro de 1942, em pleno período de ocupação alemã, setenta membros da Resistência aguardam a morte nas celas do Forte de Hã, perto de Bordeaux. Pouco depois, numa manhã chuvosa, diante do pelotão de execução entoam pela última vez a Marselhesa.

A vida é dura em Montillac, a despeito dos esforços de Camille, que procura compor a situação diante de Fayard, o encarregador das adegas que sonha apropiar-se das terra.

Em Paris, Léa está uma vez mais em casa das senhoras de Montpleynet. Volta a encontrar o escritor Raphaël Mahl, informante da Gestapo, assim como o enigmático François Tavernier, por quem continua a sentir uma espécie de paixão agitada. Atordoa-se freqüentando restaurantes clandestinos e assiste impotente à detenção de Sarah Mulstein pela Gestapo. Sarah será torturada mas, graças à ajuda de Raphaël Mahl, conseguirá fugir. Antes de lhe darem fuga de Paris, Léa e François Tavernier a escondem na casa das senhoras de Montpleynet.

Enquanto Laurent é procurado pela polícia nazi, Camille é presa. Encerrada no Forte de Hã e depois no campo de Mérignac, acaba por adoecer. De volta volta a Montillac, Léa tudo faz para libertá-la. Sem nada obter de Camille, a Gestapo acaba por soltá-la.

Entre Mathias Fayard, amigo de infância que optou pela Alemanha, e os irmão Lefèvre, elementos da resistência, tal como ela mesma, Léa descobre uma triste realidade: a do horror e da tortura… O Mathias de sua adolescência morre quando a estupra em um hotel sórdido mantido por uma prostituta imunda. Em seu lugar existe agora um homem brutal que a assusta.

Muitos jovens da região de Bordeaux trabalham para Gestapo. Uma atmosfera de ódio divide as pessoas. Nesse clima deprimente, Léa espera por François Tavernier, que chega, enfim, a Montillac, onde participa do almoço oferecido em homenagem a um jovem francês colaborador da Gestapo, que Laure, a ingênua irmã caçula de Léa, havia conhecido. Todos se deixam iludir; mas, à tarde, o dr. Blanchard é abatido por esse mesmo jovem. Laurent d’Argilat e François Tavernier encontram-se face a face, pela primeira vez após três anos de afastamento. De comum acordo, decidem enviar para paris as moradoras de Montillac. Os franceses recomeçaram a ler, mas as livrarias estão vazias. É a época dos jovens excêntricos, do quilo de manteiga a trezentos e cinqüenta francos e do café a mil ou dois mil francos. Os alemães recuam na frente oriental. Assaltada pelo frenesi do prazer, Léa diverte-se para não pensar nos amigos mortos ou desaparecidos. Pouco tempo depois, toma novamente o trem para Bordeaux.

Raphaël Mahl, renegado pelos amigos da Gestapo, transformou-se no prisioneiro número 9793 de uma das celas do Forte de Hã. Aí, contudo, não deixa de recolher informações, sobretudo acerca da presença de pilotos ingleses não indentificados pelos alemães. Friamente, vai lhes fornecendo nomes. Certa noite, porém, o cadáver de Raphaël Mahl, horrorosamente mutilado pelos companheiros de cela, é atirado numa fossa e coberto de imundícies. François Tavernier encontra-se com Léa em Montillac, mas volta a partir quase em seguida. Léa fica só.

Várias Histórias

Resumo do livro Várias Histórias (Machado de Assis)

A Cartomante (publicado no livro Várias histórias) narra a história de Camilo, Vilela e Rita. Os dois primeiros eram melhores amigos; a segunda era esposa do segundo e amante do primeiro. Quando Camilo começa receber denúncias anônimas, diminui a freqüência das visitas ao amigo. Preocupada, Rita visita uma cartomante, fato que faz Camilo rir. Quando Vilela chama Camilo a sua casa ele vai preocupado, e passa antes na cartomante pensando que não tem nada a perder. Ela lhe assegura que nada vai dar errado e ele chega despreocupado a casa de Vilela, onde encontra Rita morta. Vilela então o mata. A Causa Secreta (publicado no livro Várias histórias) fala de dois homens que, após um salvar a vida do outro e passar-se algum tempo, tornam-se sócios. Mas pouco a pouco um deles vai demonstrando tendências sádicas, torturando animais, fato que atordoa a esposa. Quando ela morre, Fortunato, o sádico, presencia o amigo beijar a testa da mulher e derreter-se em choro, saboreando o momento de dor do amigo que lhe traía. D. Paula (publicado no livro Várias histórias) conta sobre um casal que realiza uma separação temporária por ciúmes, com fundos, do marido. O caso é mediado pela tia da esposa, Dona Paula, que quando descobre quem é o outro, fica abalada. É o filho do homem com quem teve caso análogo, fato que deixa seus sentimentos bem abalados em relação ao caso. Noite de Almirante (publicado no livro Várias histórias) é sobre Deolindo, jovem marinheiro que volta de uma viagem longa para encontrar a namorada, com quem fizera um voto de fidelidade (e cumprira) com um novo homem. Ele a procura, conversa com ela, dá-lhe um presente e sai desesperado, pensando em suicídio. Não o comete, mas tem vergonha de admitir aos amigos a verdade e mente que realmente passou uma noite de almirante. O Enfermeiro (publicado no livro Várias histórias) conta sobre um homem que, a beira da morte, conta um caso de seu passado. Ele foi em 1860 ser enfermeiro de um velho e mau coronel, que acaba esganando alguns dias antes de partir por não mais o suportar. Quando abre-se o testamento ele é declarado herdeiro universal e distribui lentamente o dinheiro em esmolas. Enquanto isto se passa, vai lentamente se convencendo de sua inocência, apoiado pela sociedade que odiava o velho e suas ações que considera redentoras.