Resumo do livro Viagem do Descobrimento (Eduardo Bueno)

Livro histórico do jornalista Bueno, de 1998 lançado em função aniversário oficial do país, 500 anos em 2000. Os feitos de figuras como Vasco da Gama, Duarte, Cabral, João II ou Nicolau Coelho, pontuam a narrativa de Bueno, preocupada em recuperar detalhes sobre a empreitada de Pedr´Alvares que, por muito tempo, ficou conhecida como uma viagem de descoberta ocasional do Brasil.

Preocupado mais com o pitoresco da viagem lusa, o leitor fica sabendo desde o tamanho das naus, a tripulação, quanto em dinheiro receberam, até planos dos reis, o desgosto de gente como Diogo Cão e referências aos aspectos científicos da viagem,assim como a verdadeira história de Dom Henrique, enfim… um painel da aventura do descobrimento (achamento) do Brasil. Por outro lado, senti falta da ligação de Portugal com o contexto europeu, uma vez que o fim do feudalismo estava anunciado e uma nova ordem política, na Europa se expunha. Em que pé estariam, por exemplo, os espanhóis, nesse processo expansionista ? E holandeses ?

Desde a viagem de Vasco da Gama (1498) havia necessidade clara de circundar a região do cabo Bojador, trazendo as naus mais para oeste, a fim de escapar de calmarias, encontrando ventos melhores, rumo às Índias. Vasco da Gama teria sugerido o movimento mais amplo para a expedição encabeçada por Cabral, rumo a oeste, não só pela necessidade dos tais ventos, mas também para que se pudesse ter a certeza de que, por aquela rota alternativa, achariam terras. E deu certo.

É fato que duas outras figuras, ironicamente espanholas, costearam o litoral nordeste e norte, do Brasil, em 1500, entre janeiro e março : Pinzon e Lepe. Contudo, historiadores como Capistrano de Abreu querem dar importância maior ao feito de Cabral em função do contato com pessoas, dando caráter sociológico destacável mais ao feito do português que do espanhol. Puro ciúme. Pinzón e Lepe descobriram o país e é difícil para o brasileiro, em geral, aceitar a coisa. Talvez muitos nem saibam disso, o que me lembra a história birrenta que o brasileiro criou entre irmãos Wright e Dumont, desde o final do século 19 e começo do 20, sobre quem teria voado primeiro.

Não é possível, segundo o que se lê, separar Gama de Cabral, mesmo que Camões, em 1572, tenha se esquecido de mencionar Pedro em seu poema épico. Gama possui, no Mosteiro dos Jerônimos, um túmulo especial, elevado, próximo ao de Camões, em Belém. Merecido. A Cabral restou o quase esquecimento, assim como a própria terra dos papagaios ficou, por trinta anos,abandonada pela corte. Poderia ter ficado mais tempo, de repente mais índios nasceriam e seria difícil dizimar a todos em tão pouco tempo. Contudo, em 1534 vieram os jesuítas…a força da Companhia de Jesus era mesmo potente.